O Homem de Neandertal

 O filme de Jacques Malaterre procura retratar a história de um membro de uma espécie de hominídeo extinta, o célebre «Homem de Neandertal», que ocupou uma vasta região territorial, da Sibéria ao continente europeu, num período marcado por eras glaciais. A história acompanha Ao, e procura explorar vários aspetos que colocaram o homem de Neandertal numa rota de extinção.

O filme foi estreado na Rússia e procurou-se algum realismo na reconstituição, por exemplo, a fala das personagens foi concebida de modo imaginativo numa hipotética linguagem pré-histórica. Sabe-se que por dados de reconstrução genética que esta linhagem extinta de hominídeos era capaz de usar a linguagem (consultar o artigo da National Geographic para o efeito). A banda sonora do filme foi maioritariamente composta pelo artista de trip-hop inglês,Tricky. O argumento do filme baseia-se no livro Aô, l'homme ancien , de Marc Klapczynski, e de um modo bastante fantasiado, humaniza traços psicológicos do comportamento do homem de Neandertal, atribuindo-lhe emoções, cognições, e crenças características dos seres humanos modernos, contrariando a visão tradicional de um hominídeo grotesco e com mais afinidades simiescas.

O filme conta-nos a história de , o último Neandertal, um indivíduo nómada e pacifista, que percorre a Europa, depois de o seu clã ser brutalmente atacado e massacrado pelos novos invasores: o «homo sapiens sapiens». Ao viaja em busca de sobreviventes do seu clã de origem, em concreto, anseia reencontrar-se com o seu irmão gémeo, OA. As filmagens decorreram na Ucrânia, Bulgária e em França.

Na sua marcha, Ao não é aceite pelos grupos de humanos modernos que encontra, mas apaixona-se por Aki, uma homo sapiens, encontro que altera o seu sentido de existência e explora a tese da miscigenação entre as duas espécies, além de evidenciar a dimensão mais agressiva e violenta dos sapiens.

Há vários aspetos interessantes que podem ser integrados no comentário deste filme: a hipótese da competição direta entre espécies dominantes, o conflito direto e violento, que terá empurrado os neandertais para a extinção, a possibilidade de uma epidemia os ter dizimado (uma doença transmissível entre seres humanos e para a qual as defesas do sistema imunitário dos neandertais não estava preparado) e, por último, uma hipótese ainda não confirmada, a hibridização genética. Não deixa de ser igualmente interessante a questão levantada no final do filme: até quando a nossa espécie conseguirá sobreviver a si própria, dado um aspeto comportamental em foco, a violência inter-específica? A extinção do homem de Neandertal é, por assim dizer, um aviso sobre as implicações do nosso comportamento.
 

                                            

 

Aqui vos deixo uma ficha informativa e de trabalho com a respetiva correção:

Guião e ficha de trabalho sobre o documentário Neandertal.pdf (207554)